A articulação vertical entre ciclos como uma oportunidade de aprendizagem : dois estudos de caso.
Os agrupamentos de escolas desenvolveram-se tendo como base diversos normativos, no sentido de serem dotados de um projeto comum que abrangesse diversos ciclos de escolaridade numa lógica de rentabilização de recursos e diminuição do isolamento de estabelecimentos. Entre outras finalidades pretendia-se que com a formação de agrupamentos verticais emergisse um favorecimento da articulação e da sequencialidade entre os ciclos. A recente reorganização vertical dos agrupamentos em Mega agrupamentos fez sobressair as dificuldades já existentes no terreno em torno da articulação e sequencialidade. O presente estudo, desenvolvido em dois agrupamentos de escolas da zona centro do país, teve como objetivos: aprofundar conhecimento teórico e prático relacionado com a articulação vertical; compreender processos comunicativos, colaborativos e organizacionais referentes à articulação entre os ciclos; analisar a relação entre a articulação vertical entre os ciclos e a cultura de cada um dos agrupamentos e contribuir para a divulgação de estratégias promotoras da articulação vertical e significativa entre os ciclos. O estudo recorreu a uma abordagem metodológica mista, através da aplicação de questionários aos professores dos dois agrupamentos, da realização de entrevistas aos respetivos diretores e à análise de diversos documentos estruturantes em cada um desses agrupamentos. Os resultados revelam por parte dos professores uma visão adequada do que é a articulação vertical e vários tipos de constrangimentos na realização prática da mesma. Destaca-se uma prática de articulação vertical e de colaboração reduzida entre os professores. A existência de projetos colaborativos é uma realidade, mas nestes não está presente a perspetiva de articulação vertical, em nenhum dos agrupamentos, nem a participação de professores dos diferentes níveis de escolaridade na génese de um desses projetos. Os processos comunicativos ainda são muito formais e centrados em reuniões promovidas pelas direções dos agrupamentos. Num dos agrupamentos parece haver maior preocupação em articular o currículo dos vários ciclos na preparação do ano letivo, mas esse facto não foi suficiente para implementar de modo significativo a articulação vertical entre ciclos.
Como citar esta Tese:
Carreira, Antónia Maria Louro (2018). A articulação vertical entre ciclos como uma oportunidade de aprendizagem: dois estudos de caso. Tese de Doutoramento em Educação, especialidade em Liderança Educacional, Lisboa: Universidade Aberta.