O Internato de Anestesiologia em Portugal. Contributo do coordenador na supervisão das práticas pedagógicas.
É claramente aceite na classe médica que todos os médicos deverão estar disponíveis para transmitir os seus conhecimentos, teóricos e práticos, aos que iniciam a formação médica pós-graduada, sempre que para tal sejam solicitados. No entanto, a ausência de formação pedagógica para o desempenho das funções de ensino constitui uma lacuna importante na orientação dos médicos internos. Este contexto enquadra o desenvolvimento da presente investigação cujos objetivos são compreender como é realizada a supervisão das práticas pedagógicas pelos Coordenadores do Internato de Anestesiologia em Portugal, qual a relevância da formação e o papel das competências não-técnicas no desenvolvimento das suas competências pedagógicas e caraterizar o perfil de competências fundamentais para o desempenho de funções de Orientador e Coordenador do Internato. Dada a natureza do estudo, optámos por um modelo de investigação misto (quanti-qualitativo) e como instrumentos de recolha de dados utilizámos a análise documental e o inquérito por questionário. A amostra foi constituída por 27 Coordenadores do Internato de Anestesiologia do país. A análise estatística e a análise de conteúdo foram as técnicas utilizadas para o tratamento dos dados obtidos. Depois de analisados e discutidos os resultados, consideramoster atingido os objetivos a que nos propusemos, tendo sido possível desenhar uma proposta de perfil de competências do Orientador de Formação e do Coordenador do Internato e identificar um conjunto de práticas de Supervisão associadas ao desenvolvimento de competências pessoais e profissionais. Concluiu-se que os Coordenadores do Internato consideram não ter competências pedagógicas para o exercício das suas funções, contudo, atribuem-lhes importância fulcral e consideram frequentar ações de formação, no âmbito da Pedagogia, para as adquirir. Da mesma forma, também as competências não-técnicas foram reconhecidas pela maioria como importantes para o desempenho das suas funções, nomeadamente, as competências de comunicação e relações interpessoais, liderança, gestão de conflitos e de equipas de trabalho. Apesar de não se reconhecerem como Supervisores Pedagógicos, as caraterísticas que valorizam num Supervisor Pedagógico e as funções que lhe atribuem são muito sobreponíveis com aquelas que consideram ser as suas próprias caraterísticas enquanto Supervisores Pedagógicos e Coordenadores do Internato. Tendo em vista o desenvolvimento pessoal e profissional, próprio e dos Orientadores de Formação, consideramos que o Coordenador do Internato enquanto Supervisor Pedagógico deve adotar um estilo orientador, colaborativo e reflexivo no desempenho das suas funções.
Como citar esta Dissertação:
Fernandes, Paula Cristina Gonçalves Sousa (2021). O internato de anestesiologia em Portugal: contributo do coordenador na supervisão das práticas pedagógicas, Mestrado em Supervisão Pedagógica (mSVP), Universidade Aberta. http://hdl.handle.net/10400.2/11597