Este trabalho de investigação parte da convicção, de caráter psicossocial de que o indivíduo e o meio surgem conectados numa relação dialética que os torna interdependentes. Assume um caráter exploratório, analisando uma amostra não probabilística, de docentes a lecionar nas diferentes regiões educativas do país e em distintos momentos do seu trajeto profissional. Recorreu metodologicamente a um paradigma quantitativo-interpretativo e à aplicação de um inquérito fechado. Procura conhecer melhor a forma como os docentes entendem e como identificam estar presente, nos processos de supervisão pedagógica (SvP) vivenciados, um conjunto de construtos teórico-práticos que suportam a prática hodierna da SvP, apresentados sob a forma de afirmações. Procura saber qual o contributo atribuído pelos docentes às práticas de SvP vivenciadas, sobre quatro aspetos fundamentais do seu profissionalismo docente: a modificação das suas práticas pedagógicas; o aumento do sucesso dos seus alunos; o seu desenvolvimento profissional; o desenvolvimento do autoconhecimento e crescimento pessoal. O estudo foca-se em quatro dimensões de análise: i) geral indiferenciada; ii) o tipo de vínculo laboral com as instituições; iii) o tempo de serviço; iv) as regiões educativas nas quais lecionam. As principais conclusões mostram que as opiniões dos docentes variam em função das suas caraterísticas sociodemográficas. Têm uma boa consciência dos principais construtos teórico-práticos subjacentes à prática da SvP e do seu contributo para a melhoria do ato educativo, mas consideram a sua presença, nos processos de SvP vivenciados, muito fraca, em simultâneo que consideram o contributo para os quatro aspetos supracitados muito mitigados. Assinala-se um foco muito forte na prática da autossupervisão e na abertura da sala de aula à observação. Existe uma fraca associação entre a prática da autossupervisão e a presença de processos que promovam e impliquem a problematização e a reflexão crítica. A abertura da sala de aula à observação está pouco associada a processos de SvP colaborativos e de promoção de uma abertura a mudanças. O menor contributo das práticas de SvP é considerado ser para o aumento do sucesso dos seus alunos e para a modificação das suas práticas pedagógicas. A SvP surge inserida numa prática que visa sobre tudo a avaliação docente e o desenvolvimento organizacional, onde a maioria dos docentes associa o desenvolvimento profissional, mais às progressões na carreira e transições burocráticas de escalões, que à melhoria das suas práticas pedagógicas e ao aumento do sucesso dos seus alunos.

Como citar esta Dissertação:

Romeiro, Daniel de Jesus Moreira (2023). Supervisão pedagógica no contexto educativo nacional: perspetivas, sintomas e práticas. Dissertação de Mestrado em Supervisão Pedagógica, Universidade Aberta. http://hdl.handle.net/10400.2/13772