O presente estudo objetivou a formação contínua em Avaliação Externa do Desempenho Docente ministrada num Centro de Formação de Associação de Escolas do norte do país a partir de 2012, ano em que foi instituída a obrigatoriedade de observação de aulas para avaliação externa da dimensão científico-pedagógica aos docentes integrados nos 2.º e 4.º escalões da carreira docente. O estudo abrange também a formação contínua proporcionada centralmente pelo Ministério da Educação através da Direção-Geral da Administração Escolar. A matriz orientadora da investigação visou a compreensão da formação contínua em Avaliação Externa do Desempenho Docente nas suas várias modalidades, estruturando-se a análise nos vértices currículo-operacionalização-avaliação, bem como na pertinência e adequação da formação sob a ótica dos avaliadores externos. Na revisão da literatura abordaram-se os quadros normativos que determinaram a evolução do modelo de avaliação em paralelo com o incremento de políticas de accountability do setor público, convocaram-se os conceitos de supervisão pedagógica e de “bom professor”, reportou-se à génese dos Centros de Formação de Associação de Escolas e da Formação Contínua, e discorreu-se sobre os critérios de seleção, perfil e (i)legitimidade do avaliador externo. Este Estudo de Caso englobou a realização de entrevistas semiestruturadas, a análise documental e a utilização de dados estatísticos recolhidos pelos proponentes da formação, constituindo-se, como informantes-chave, duas formadoras, seis ex-formandas e a Diretora. Conclui-se por uma homogeneidade curricular transversal a todas as modalidades de formação derivada do primeiro currículo concebido centralmente pela Direção-Geral de Administração Escolar, bem como por uma ministerialização da Formação Contínua que relega para um plano inferior, através do não financiamento, a formação em Avaliação Externa do Desempenho Docente, privando-a de 12 horas curriculares a partir de 2019, e, consequentemente, da sua dimensão prática, com repercussões na capacitação dos avaliadores externos. Apurou-se que a avaliação da dimensão externa da componente científico-pedagógica se tem operado – tanto no que respeita à formação como aos procedimentos burocráticos inerentes ao processo de observação de aulas – como um receituário pronto a aplicar, perpetuando, por isso, a discussão sobre a competência e legitimidade dos avaliadores externos e, consequentemente, sobre as finalidades da Avaliação de Desempenho Docente. Finalmente, apresentam-se recomendações para a formação contínua em Avaliação Externa do Desempenho Docente e discute-se o estatuto dos avaliadores externos.

Como citar esta Dissertação:

Marques, E. M. (2023). Contributos para uma compreensão da formação contínua em avaliação externa do desempenho docente: um estudo de caso. Dissertação de mestrado em Supervisão Pedagógica, Universidade Aberta. http://hdl.handle.net/10400.2/13829